Volume 04 – Número 04

O projeto Fazendo Antropologia no Alto Solimões segue sua trajetória, trazendo como novidade livros organizados em edições temáticas. A grande quantidade de artigos recebidos para este novo volume, entre o final de 2015 e os primeiros meses de 2016, bem como a variedade de perspectivas teórico-metodológicas apresentadas em diálogo com diversas áreas das Ciências Sociais e Humanas, longe de configurar um problema para nossa proposta editorial, tornaram possível ampliar os campos de conhecimento nos quais somos tradicionalmente enquadrados e, assim, colocar cada vez mais em prática nossa perspectiva que é inter/trans/multi/poli disciplinar. Perspectiva esta, que, inevitavelmente, pode incluir também, saberes não-acadêmicos. Isso por acreditarmos que uma Antropologia verdadeiramente emancipadora e libertária não pode ficar circunscrita a um amontoado de cânones produzidos e legitimados em outros tempos e lugares, tão distantes daqueles de onde nos pronunciamos hoje, e dos quais retiramos muitos de nossos subsídios

Nós, da organização do Fazendo Antropologia no Alto Solimões temos a honra e a alegria de apresentar o 3° volume deste projeto concebido despretensiosamente em 2011, que, de início, se propunha a divulgar as atividades de pesquisa dos docentes do Curso de Antropologia da UFAM/INC – Pólo Alto Solimões, e hoje, já conta com a participação de pesquisadores de diversas instituições do Brasil e de outros países da América Latina. Seja como autores articulistas, emitindo pareceres, sugerindo temas, textos e novos autores. Pesquisadores que, em sua maioria, assim como nós, encontram-se bem distantes dos grandes centros de produção científica e que das fronteiras geográficas, políticas e intelectuais permitem interpelar os modos historicamente predominantes de inserção acadêmica. Isso não significa, de modo algum, menos qualidade ou menos seriedade, mas, sim, o desejo de desvencilhar-se das amarras institucionais e acadêmicas que nos impelem a uma insana competição e intensa produção que em nome de uma pretensa racionalidade científica nos torna cada vez menos humanos.
No presente volume, Gênero e Educação, temas caros a nós antropólogas (os), sociólogas (os) mas também, na mesma medida fundamentais para estudiosas(os) de diferentes áreas das Ciências Humanas como Pedagogia, Linguística e História, são apresentados em onze capítulos, dez deles com experiências de pesquisas realizadas na região amazônica. Os textos trazem em seu escopo, como elemento comum a preocupação com o respeito à diversidade étnica, religiosa, de gênero, primando, prioritariamente, pela análise qualitativa. Além disso, constituem análises da realidade social que, sem abrir mão da cientificidade, estão longe de representar estudos isentos, assépticos, tão característicos de uma ciência tradicional, positivista. Ao contrário, encaram seus campos de investigação como realidade vivida, tensionando, com freqüência, a relação entre pesquisador/pesquisado, entre academia e campo de investigação.